de abril

Estou constantemente a comparar a escrita ao exercício físico (como se fosse uma pessoa que pratica muito exercício físico), mas a verdade é que é a minha comparação preferida para falar do hábito da escrita. Esta semana dei por mim a pensar novamente na escrita como exercício físico por causa da irregularidade que Abril trouxe.

Abril foi um mês muito cheio — e cheio de coisas boas, o que é ainda melhor! — e, possivelmente por isso mesmo, foi um mês em que as leituras foram escassas e a escrita ainda mais escassa foi. O que me traz se novo ao exercício físico. Sabes que o exercício físico é algo que, sendo um hábito, é algo que surge regularmente na tua rotina. Por isso, as tuas rotinas diárias vão sempre encontrar uma forma de o incluir. Agora imagina que, por algum motivo, tens um mês de excepção e não treinas. Acontece — ou porque há algo na tua rotina que muda, ou porque viajas, sei lá.

Sinto que Abril foi este mês de excepção para mim. Escrevi mesmo pouco. Ao todo, devo ter escrito em para aí quatro ou cinco dias, o que, para mim, é mesmo pouco. No entanto, não me sinto culpada. Não trato a escrita assim. Sinto que é um desperdício, sim, mas, ao mesmo tempo, sei que às vezes a minha escrita precisa destas excepções.

Um dos conselhos habituais que se dá a escritores é escrever sobre o que conhecem. É um conselho válido, mas que é muito mais complexo do que pode parecer. A forma como o vejo hoje em dia não é a ideia redutora de “sabes/conheces isto então escreve sobre isso”. Para mim é mais um mote para aprender, para ir conhecer mais, para sair de casa e viver e conviver, por mais que me custe conviver. E em Abril a vida deu-me muito conhecimento. Escrevi pouco, mas vivi muito.

Abril foi um dos melhores meses que tive nos últimos anos. Foi um mês tão cheio de coisas boas, tão bom que só consigo estar agradecida.

Na playlist deste mês incluí muitos podcasts. O primeiro episódio é a entrevista que o Gonçalo Paciência deu ao Sport Beleza no ano passado; depois, um episódio d’As Gatas do Quintal que dá que pensar; ri-me muito com o episódio de Terapia de Casal que partilhei, por isso achei que podiam rir também; n’A Minha Geração, a Diana entrevistou a dra. Margarida Santos e como gosto muito de ouvir a Margarida não podia deixar de sugerir o episódio; por fim, um episódio em que o Guilherme Geirinhas fala de algo que fez todo o sentido para mim: aprendizagem referencial e repetição. Ele falou num contexto desportivo, eu ouvi-o num contexto de escrita.

Favoritos de Abril

Um livro: Vai, Brasil (Alexandra Lucas Coelho)

Um filme: American History X

Uma música: As it Was (Harry Styles), Envolver (Anitta)

Um evento: doutoramento honoris causa da Margaret Atwood

Uma descoberta: a máscara de pestanas Perfect Stokes Universal Mascara, da Rare Beauty

Um momento: o dia 12

Um lugar: Braga

Uma bebida: vinho do Porto com boas conversas

Uma aula: a da Dulce Maria Cardoso na Oficina de Crónicas Literárias da Tinta-da-China com o Público

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