5 coisas em que deves pensar antes de adoptar um cão

Ter um cão é uma espécie de sonho e objectivo de muita gente. Percebo porquê. Ao longo da vida já tive três melhores amigas caninas. A Polly, que foi lá para casa quando eu tinha uns quatro anos; a Dama, que era filha da Polly e que foi o meu bebé durante quase quinze anos; e a Lady, que foi adoptada pela minha mãe dois anos depois de a Dama morrer.

Quando tens um animal de estimação tens muito mais do que isso: tens um companheiro e uma fonte de amor incondicional. É magnífico. No entanto, não podes ficar-te apenas pela parte da companhia e do amor, por isso gostava de aproveitar o facto de hoje, dia 26 de Agosto, ser o Dia do Cão para partilhar contigo algumas coisas em que deves pensar antes de adoptar um cão. Vou focar-me nos cães porque é a realidade que conheço, mas vais ver que há muitas semelhanças entre cães e gatos.

Coisas em que deves pensar antes de adoptar um cão

Tens dinheiro para manter um animal de estimação?

Acho que esta é a primeira coisa em que deves pensar. Os gastos principais que vais ter vão ser nas idas ao veterinário e na alimentação, mas também podes precisar de gastar algum dinheiro em acessórios, brinquedos e outras coisas do género.

Inicialmente, aquilo de que vais precisar é de vacinações, microchip e desparasitações. No campo das vacinas, ficas a saber que a vacina da raiva é obrigatória, assim como o microchip. No caso dos gatos não há vacinas obrigatórias, mas o microchip já é obrigatório também, por exemplo. A vacina da raiva é dada pela primeira vez com validade para um ano e depois poder passar a ser dada de três em três anos. O microchip só é colocado uma vez.

Tens também a vacina polivalente, que faz as principais doenças caninas. Estava vacina não é obrigatória, mas é fortemente recomendada e tem de ser feita anualmente: vindo de alguém que viu mais de uma dezena de casos de parvovirose no ano em que trabalhei na clínica veterinária: vacina o teu cão!

Depois destas, há outras vacinas que podem ser feitas, incluindo a da tosse do canil ou a da leishmaniose, mas são opcionais e deves sempre ver com o veterinário se vale a pena fazê-las ou não.

Se fores adoptar um cachorro, normalmente o procedimento é: duas doses da vacina polivalente separadas por quatro semanas, com a possibilidade de serem antecedidas por uma vacina focada na parvovirose. Só depois é feita a vacina anti-rábica. A colocação do microchip varia, mas pode ser feita apenas quando é feita a última vacina, dependendo da idade do cão.

Vamos agora às desparasitações. Nos cachorros, são sempre feitas mensalmente, ao mesmo tempo das vacinas, passando depois a ser trimestrais, no caso da desparasitação interna. Esta desparasitação pode ser feita em comprimidos ou pipetas. Já a desparasitação externa tem esquemas um bocadinho diferentes: pode ser feita em comprimidos, pipetas ou coleiras e, por isso, a reaplicação varia.

Comprimidos e pipetas normalmente são aplicados mensalmente, mas as coleiras podem ter validade entre seis a doze meses. Além disso, as pipetas e muitas das coleiras protegem contra o mosquito da leishmaniose e os comprimidos não, mas deves aconselhar-te sobre o melhor método para o teu patudo. No caso da Lady, usamos uma coleira que tem validade de oito meses e, como ela vive numa zona de Invernos frios, fazemos uma pausa no Inverno.

Além destes custos, precisas também de comprar alimentação e snacks (estes opcionais, mas que lhes sabem sempre bem), que variam entre marcas, preços e componentes. Também vais precisar de comprar uma coleira, peitoral e trela, que encontrarás aos mais variados preços dependendo de onde comprares, do material e até do tipo de trela (as extensíveis são mais caras).

E, claro, vem o assunto sensível: esterilizações. É um assunto sensível porque alguns donos têm opiniões muito fortes sobre o assunto. De uma forma resumida, eu acho que são um procedimento importante, principalmente para quem não pretende fazer criação, tanto para prevenção de problemas de saúde como para ajudar em certos comportamentos impulsionados por hormonas. Não são procedimentos baratos, é certo, com valores muitas vezes acima dos 200€, mas acredito que os prós vencem os contras.

Em relação a acessórios e cuidados de higiene: encontras champôs a preços muito variados e, se for um cão sem problemas de pele ou de alergia, são relativamente baratos. Depois, não acho necessário gastares muito dinheiro em camas e mantas, porque muitas vezes eles querem é algo confortável e não necessariamente caro. Os brinquedos também podem ser baratinhos e os comedouros e bebedouros também.

No caso da Lady, ela tem alguns brinquedos, que custaram todos menos de 4€, mas o preferido dela continua a ser uma bola de ténis que eu já tinha há anos. Ela não tem uma cama, porque dorme onde quer, e só tem uma manta comprada de propósito para ela. Nos banhos, é um bocadinho diferente porque ela tem tendência a alergias de pele, por isso temos sempre um champô específico em casa, que é mais caro.

Tens espaço físico e temporal para ter um animal de estimação?

Alonguei-me muito na questão dos custos, mas acredito que, normalmente, é uma parte em que, com algum esforço, se consegue dar um jeito. Outro ponto muito importante é o espaço. Aqui, não falo apenas de espaço físico, mas vou começar por este. Convém teres algum espaço em casa para teres um cão. Uma varanda, um terraço, um jardim… um qualquer espaço onde ele possa passar algum tempo, sem estar sempre fechado. Um cão maior vai precisar de mais espaço, mas acredita que eles se adaptam facilmente ao espaço que têm.

Não tão fácil é tratar de espaço temporal. Tens disponibilidade temporal para ter um cão? Lamento ser eu a dizer, mas ter um cão tem de ser mais do que ter um animal fechado em casa o dia todo e esperar mimos ao fim do dia. Os cães precisam de exercício físico e esse exercício não se consegue quando eles ficam o dia todo fechados em casa. Eles são mais felizes, mais saudáveis e até têm comportamentos melhores quando tiras algum tempo todos os dias para os levar à rua. Se não consegues passear duas vezes por dia, passeia uma vez, mas tens de ter tempo para levar o teu cão. Meia hora de caminhada faz bem aos dois, portanto é win-win.

Acredito que o tempo muitas vezes é um factor mais problemático do que o espaço físico porque há uma coisa chamada preguiça e outra coisa chamada trabalho. Se calhar não queres fazer o esforço de acordar meia hora antes para passear o teu cão, se calhar não queres chegar a casa no fim do dia de trabalho e ir passear o teu cão em vez de te sentares no sofá. E, se é assim, talvez seja melhor arranjares um gato… embora os gatos também precisem de atenção e estímulos.

É muito importante ter um veterinário de confiança!

Em primeiro lugar, para garantires que o teu patudo tem o acompanhamento certo, com profissionais em quem sabes que podes confiar. Em segundo lugar, para te assegurares de que tens alguém a quem recorrer quando tens dúvidas ou quando tens algum problema.

O ideal é conseguires que o teu cão seja acompanhado de forma regular pela mesma equipa, também por uma questão de hábito, consistência, confiança e acesso ao historial clínico. 

Um cão não é um brinquedo. Sim, eu sei que é óbvio.

Por muito que brinques com ele, um cão não é um brinquedo. Um cão precisa de atenção, de ser ensinado e incentivado. Quando decides ter um cão tens de estar preparado para estar sempre a aprender e a ensinar, tens de perceber que muitas vezes as tuas decisões de vida têm de o incluir.

Ter um cão não é o mesmo de ter um cacto. Não podes simplesmente deixá-lo em casa e regá-lo duas ou três vezes por mês. Se te ausentares tens de pensar onde o deixas ou se o levas. Se tens filhos tens de perceber como educar o teu cão para se dar com crianças. Ter um cão não é só tirar fotografias para o Instagram. A partir do momento em que o acolhes ele faz parte da tua família, depende de ti e convém nunca esqueceres isso.

Estás preparado para uma fonte de amor inesgotável?

A Lady tem um sentido de preocupação muito forte: se eu tossir, se berrar, se chorar, se fizer algum som fora do comum ela vem logo verificar o que se passa comigo. Com a minha mãe tem uma relação ainda mais bonita, porque dorme ao fundo da cama todas as noites. Basta a minha mãe se ir deitar que ela vai atrás.

A verdade é que mesmo quando o espaço temporal é pouco ou quando o dinheiro não esticava, ela tinha e tem sempre amor para dar. Acho que é a característica mais bonita de um cão: é uma fonte de amor inesgotável. Só temos de estar disponíveis para retribuir esse amor com tudo aquilo que temos.

2 Replies to “5 coisas em que deves pensar antes de adoptar um cão”

  1. Esta publicação é tão, tão necessária!
    Ter um animal de estimação é extraordinário, mas não é tudo um mar de rosas. É preciso termos noção das nossas possibilidades [financeiras, espaciais, temporais], para que os nossos patudos não sofram com elas.

  2. Apesar de ter tido sempre cães na aldeia este ano estreei-me como “mãe” de um cão pela primeira vez a sério, na minha casa 🙂
    Tentei ler e aprender o máximo que consegui antes de ir buscar o cachorro, acho que é muito importante estarmos bem preparados! Até agora só houve duas coisas que me surpreenderam: a quantidade/preço das vacinas (nos primeiros meses de vida levou muitas vacinas e algumas bem mais dispendiosas do que contava) e a quantidade de pêlo que larga! Tenho de aspirar a casa todos os dias…
    Mas de resto, é maravilhoso e são amigos que merecem tudo! 😀

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