‘tis the damn thesis: 7 coisas não-académicas essenciais para escrever uma dissertação académica

Escrever uma dissertação é todo um processo. Exige muita pesquisa, fontes variadas, dicionários, organização e bons professores como orientadores. No entanto, também exige mais do que isso. Escrever uma dissertação não se faz só com coisas académicas. Na verdade, as coisas académicas acabam por ser as menos importantes em todo o processo porque, à partida, são aquelas que estão asseguradas. Escrever uma dissertação exige muito da vida. Estas seriam as dez coisas não-académicas que eu recomendaria a toda a gente.

#1 — rodeia-te de pessoas compreensivas

A tua vida vai tornar-se um bocadinho monotemática e, por isso, é preciso que as pessoas da tua vida tenham paciência e sejam compreensivas quando só quiseres falar sobre isso. Não é fácil, acredita. Eu sinto que, além da minha mãe, só tive mesmo duas pessoas com quem podia falar sobre o processo. Felizmente, tenho seguidores na internet que posso encher de coisas sobre a tese e que, se não quiserem saber, podem simplesmente passar à frente e ignorar sem me deixarem triste.

#2 — prepara refeições congeladas, compra snacks e certifica-te de que tens saldo para Uber Eats de vez em quando

Pronto, se calhar é uma cena minha, mas quando passas dias a ler e escrever a dissertação nem sempre vais ter tempo (ou vontade) para cozinhar e convém teres comida pronta que te facilite o jantar. Para mim, há essenciais: legumes congelados para saltear, hambúrgueres congelados, ovos (para cozer ou omelete) e enlatados (atum, grão, feijão frade). Salvam qualquer refeição rápida. Também sou fã de ter fruta enlatada para fazer saladas com massa.

Além das refeições principais, eu gosto de ir comendo e bebendo qualquer coisa enquanto escrevo. Sou fã de cappuccinos e chás no tempo mais frio, mas se, como eu, tiveres de trabalhar na dissertação no verão os chás frios ajudam. Para comer… de vez em quando umas gomas (sendo que eu devoro um saquinho num instante), mas muitas vezes ia para coisas tipo fruta, alguns tipos de bolachas, sunbites… não facilitou ter colocado aparelho entretanto e ter uma série de coisas que não dá tanto jeito comer. Não coloques aparelho em fases críticas da dissertação. 🤣

Por fim, de vez em quando tenta poupar algum dinheiro para um Uber Eats ocasional (se houver na tua cidade): uma pizza, um hambúrguer ou até um sushizinho para celebrar o fim de um capítulo ou de uma etapa sabem sempre bem.

#3 — adere a um serviço de streaming de música

A não ser que sejas algum tipo de psicopata que gosta de trabalhar em silêncio completo*, um serviço de streaming é muito importante. Entre música com letra e instrumentais, encontras milhões de opções para te acompanhar e, acredita, é uma companhia necessária. Eu passei dezenas de horas em Taylor Swift e Linkin Park, mas ainda deu para algum lo-fi e blues. Sem streaming tinha de ouvir as mesmas músicas e os mesmos anúncios da rádio. Não era a mesma coisa.

*é brincadeira, okay?

#4 — começa a fazer psicoterapia

Que toda a gente devia fazer psicoterapia pelo menos uma vez na vida é já um dado adquirido. No entanto nesta fase parece-me uma boa altura para começar. Entre frustrações, medos e vontade de desistir de tudo, ajuda ter alguém externo a ajudar-nos a perceber de onde vêm essas questões e até a recentrar-nos em relação ao resto da vida.

#5 — começa a fazer algum tipo de exercício físico

Em primeiro lugar por uma questão de saúde física. Passar dias a fio sentado e a comer não é a melhor combinação. Em segundo lugar por uma questão de saúde mental. Sabe tão bem ter um bocadinho do dia para não pensar nas coisas da vida, incluindo em dissertações que temos de fazer e que, por vezes, não estão a correr bem. Faz toda a diferença sair um bocadinho ao fim do dia para caminhar, correr ou outra qualquer atividade que te liberte o corpo e a mente.

#6 — reza para teres um bom local de trabalho

Se estiveres a escrever a dissertação e a trabalhar então boa sorte, bem sei que aumenta a dificuldade. É importante estar numa boa equipa, compreensiva, que tenha consciência de que nem sempre consegues reunir virtualmente ou até em horários pós-laborais com orientadores e que, por isso, pode ser preciso haver um ajuste. Tal como é importante que percebam que às vezes vais ter de passar as horas de almoço a trabalhar na dissertação, que férias não são férias quando vais estar em modo dissertação e, principalmente, que não te digam: se calhar vais ter de desistir do mestrado para continuares a trabalhar.

Não é fácil fazer as duas coisas e é ainda mais desgastante quando sentes que mais valia pedires para levar um estalo do que pedires uma tarde para ires à faculdade.

#7 — dá atenção a outras partes da tua vida

Bem sei que vais sentir culpa por vezes e que vais sentir que não consegues chegar a todo o lado, mas não deixes que a dissertação eclipse o resto da tua vida. Tenta fazer tempo para outras coisas: para os hobbies, para sair com amigos, jantar com namorado… vai ser preciso sentires que a tua vida não é só aquilo mesmo quando parece que é e vai saber-te bem teres duas ou três horas longe de parágrafos académicos e referências bibliográficas.

Se com uma dissertação de mestrado foi o que foi, nem imagino se fosse de doutoramento. É algo que nos entra pela vida de uma forma muito invasiva. Senti muitas vezes sozinha, assoberbada e parecia que ninguém conseguia compreender o quanto estava a ser um processo difícil. Mas falamos disso em breve porque ainda tenho algumas coisas sobre as quais quero falar.

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