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Ando para ler a Karina Sainz Borgo desde que o Cai a Noite em Caracas foi publicado cá, mas ia sempre adiando. Este ano decidi que ia e fui para a Feira do Livro do Porto decidida a comprar os dois livros dela traduzidos para português. Não encontrei o primeiro, que já estava esgotado quando cheguei, mas trouxe o mais recente, O Terceiro País, sobre o qual tinha muito bom feedback, decidida a finalmente me aventurar pela obra da Karina.

O Terceiro País começa com Angustias e o marido a fugir da peste com os dois filhos bebés. A viagem em direção às montanhas e à segurança de outro país acaba por não correr bem e os bebés morrem. Na fronteira, chegam ao Terceiro País, um cemitério ilegal controlado por Visitación. Angustias pede para deixar lá os filhos, mas quer ficar sempre perto dos filhos por isso pede a Visitación que a deixe ficar ali. O marido, no entanto, decide que não quer ficar naquele lugar e deixa-la.

É assim que Angustias começa a trabalhar com Visitación no Terceiro País. Claro que, enquanto cemitério ilegal, o Terceiro País está longe de ser um lugar calmo. A violência e o perigo estão sempre à porta e em certos pontos a história desenrola-se ali num estilo muito semelhante ao dos thrillers.

Gostei muito do livro, talvez muito influenciada pelo facto de a escrita me lembrar García Márquez, mas não só. A forma como a Karina escreve todo o livro é muito crua, o que torna a história ainda mais impactante. Passa muito a sensação de que a história podia ser real uma vez que começamos logo a traçar semelhanças com os refugiados que tentam escapar guerras, doenças ou regimes opressores em busca de algo melhor e encontram tantas dificuldades pelo caminho. Apesar de ser um livro relativamente curto, senti que a história é contada com o ritmo certo e que consegue envolver-nos de tal forma que também nós nos sentimos no Terceiro País, a ver aquelas histórias acontecer à nossa frente.