Quando soube que a Filipa Amorim ia publicar o seu primeiro thriller fiquei curiosa. Em primeiro lugar porque a conheço há toda uma vida (e de toda uma outra era — até de outro nome); em segundo lugar porque, não tendo gostado da primeira experiência de leitura que tive com ela, queria a evolução tantos anos depois e ficar a conhecer A Corrente.
A história passa-se em Santa Cruz, Torres Vedras, e começa quando, num lugar para cova que se julgava livre, é encontrado o cadáver de Francisco, desaparecido nove anos antes. A descoberta reabre o caso e obriga Gabriela, Alexandre, Mariana e Daniel a voltar a Santa Cruz e a lidar com mágoas e segredos nunca revelados. Eram jovens do secundário quando Francisco desapareceu e, por muito que a vida tenha mudado, ainda há tanto daquela época que não sabem — até sobre eles mesmos.
Vou ser sincera — acho que o livro não estava devidamente editado e, por isso, a experiência de leitura não foi a melhor. Há demasiadas repetições e informações que não acrescentam valor à história e, por vezes, dá a sensação de que faltou trabalho de edição porque várias coisas repetidas podiam perfeitamente ter sido cortadas. Tenho pena porque a história não me pareceu tão bem contada quanto podia ter sido, o livro perde e a escrita — com um bom ritmo como um thrillerpede — não tem espaço para brilhar como podia. Aliás, a escrita tem potencial para este género, só precisa de um bom trabalho que permita que estas repetições não aconteçam ao ponto de saturar.
Não sendo o género que mais leio, aquilo de que mais gosto nos thrillers é o espaço para perceber coisas sozinha e o ritmo frenético (era bom se a Justiça funcionasse tão rápido!) e n’A Corrente gostava de ter tido mais espaço, menos sobrexplicações e menos repetições de cenas ou contextos. Provavelmente teria gostado do livro se fosse assim.
Título original: A Corrente
Autora: Filipa Amorim
Ano: 2024
Lido entre: 11 e 15 de agosto de 2024
Gatilhos: violência, violação.