Às vezes pergunto-me como é que ele tem tanta paciência para mim. Tenho sempre perguntas sobre tudo, mesmo que fique a remoer em assuntos acabo sempre a partilhar as coisas que me atormentam, já mostrei muitas vezes as minhas inseguranças e, apesar de tudo (ou será por causa de tudo?), ele continua a responder ao que pergunto, a ouvir as minhas dúvidas e os meus medos e a dar-me a mão enquanto mostra que as minhas inseguranças não têm fundamento com ele.
Quando era adolescente e os Black Eyed Peas lançaram Meet Me Halfway achei aquilo muito bonito e até romântico porque era como se o halfway fosse um ponto de encontro para eles, uma espécie de lugar romântico onde eles se iam encontrar. Agora percebo que é mais do que um lugar bonito, é um lugar necessário. Podemos tender mais para a esquerda ou para a direita, mas se não conseguirmos centrar-nos e encontrar-nos no meio nada mais será possível.
Há uns tempos vi, no Instagram, uma imagem que dizia que os relacionamentos têm fases e que «muitas vezes os momentos de vida de cada pessoa não vão estar sincronizados». E isto é verdade para vários tipos de relacionamento, incluindo para amizades. Às vezes estamos em fases tão distintas que se torna difícil encontrar o tal halfway necessário para que qualquer relação funcione corretamente. É algo que passei muito tempo a sentir, recentemente, em relação aos meus amigos: não estávamos em lugares semelhantes por isso estava a ser difícil encontrar o meio-termo certo para podermos continuar. Cada um puxa para o seu lado e esquecemo-nos de que isto não é o jogo da corda: não é suposto um dos lados ganhar; é suposto encontrarmo-nos a meio.
Pensei nisto, também, em relação a ele e a nós. Há um ponto de encontro onde nos entendemos na perfeição mesmo que, por vezes, haja algum tipo de concessão porque ambos sabemos que não somos iguais em tudo e se ele precisa de mais espaço e eu preciso de mais diálogo então só temos de aprender a colocar as doses certas de cada coisa na mala e encontramo-nos a meio caminho. Claro que às vezes ele precisa de mais espaço ou eu preciso de mais diálogo ou há outra coisa qualquer em que parece que fica difícil encontrar o ponto de equilíbrio, mas ele volta sempre quando ambas as partes o sabem procurar.
Claro que continuo a perguntar-me como é que ele tem tanta paciência para mim e a verdade é que acho que não é uma questão unicamente de paciência — que ele tem —, mas sim uma questão de tentar encontrar-me a meio do caminho ou de me ir buscar à ponta onde estou e indicar-me o caminho para o lugar onde devia estar: ali mesmo, bem a meio.