até sempre, pequenina!

 
23.03.2002 – 26.10.2016
 

Quando nasceste eu quis ficar contigo. Eras pequenina, linda e não tinhas cauda, o que eu achei engraçado. Chamei-te Dama, porque A Dama e o Vagabundo será sempre o melhor filme da Disney. Eu tinha sete anos e, sem saber, estava a pegar ao colo aquela que se ia tornar na minha melhor amiga e melhor companheira. Nestes mais de catorze anos estiveste sempre comigo. Estavas lá para me receber entre uma espécie de dança e muitas lambidelas quando eu chegava a casa. Chorei contigo o primeiro coração partido (e todos os outros), chorei contigo a morte da avó Guida, chorei contigo no final do secundário, quando não entrei na ESCS, quando entrei na ESCS e quando acabei o curso. Escrevi tanto ao teu lado, passei muitas manhãs de chuva a ver How I Met Your Mother e Gossip Girl contigo ao meu lado. Sofri contigo quando estiveste doente da última vez que tiveste cãezinhos e quando tiveste de ser operada em Março. Quando toda a gente me dizia que estavas a ficar velha eu sabia que estavas mas queria acreditar que ias ser daqueles animais que vivem muitos mais anos do que o esperado. Queria que conhecesses todos os meus amigos, o homem da minha vida e até o que não é da minha vida, só para te ver julgá-los com o olhar, cheirá-los desconfiada e, por fim, pedir festas e dormir ao lado deles. No entanto, não houve tempo. Foste a minha melhor amiga durante catorze anos. Quando eu ia para Lisboa e te dizia adeus ficava sempre de lágrimas nos olhos ao ver-te tão triste, como se achasses que eu te ia abandonar para sempre. Como poderia fazê-lo? Sempre foste a minha menina, sobre quem toda a gente me perguntava. Sempre que me deparava com a hipótese de ficar sem ti limitava-me a não pensar nisso. Mas não dá para evitar para sempre. Sei que me viste chorar muito nos últimos tempos. Por saudades de quem não está, por causa do trabalho e por te ver tão doente e sem saber o que fazer. Mas também te disse muitas vezes que te amava muito e que ia passar. E vai. Ainda não sei como vou chegar a casa sem te ter à espera. Quem vai acompanhar-me nas maratonas de séries nos dias de chuva? Quem vai dormir comigo nas noites de trovoada? Quem vai amar-me incondicionalmente como tu fizeste? Nós vamos amar-te para sempre, Dama. Para sempre mesmo. Obrigada por teres sido a melhor cadela, melhor companheira, melhor amiga de todo o sempre.

9 Replies to “até sempre, pequenina!”

  1. Os nossos animais de estimação, os nossos melhores amigos, deveriam viver para sempre. Fico tão triste por ti que fiz algo que, raramente em tanto tempo de leitora me aconteceu: chorar a ler uma publicação de blogue. Só me resta desejar-te toda a força do mundo Sofia e coragem para os tempos que se avizinham. E que guardes a tua Dama no coração, porque nele ela irá sempre viver e morar. E quando sentires falta dela é ao teu coração que recorres, porque ela to conquistou. E estará sempre lá para ti, mesmo que não a vejas. Um abracinho, Sofia!

  2. conseguiste descrever tão bem a relação que temos com os nossos animais que me puseste de lágrimas nos olhos. muita força!

  3. Isto partiu -me o coração :/ lamento Sofia
    Descreveste super bem a tua relação com a tua cadela
    Tenho um cão e não imagino a vida sem ele e mesmo que saiba que um dia vai partir eu não quero acreditar nisso

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