podia ser amor

É de Fevereiro, mas continua a ser das coisas mais bonitas que escrevi nos últimos tempos. E ainda tem um bocadinho do sentido que tinha.

Não sei onde estás, mas todas as noites, antes de adormecer, desejo-te boa noite. Quando me permito tirar os pés do chão por uns segundos, é sempre contigo que sonho poder ter um futuro. Agora que tudo à minha volta parece estar com vontade de desabar, agarro-me a ti e àquilo que partilhámos para me manter em pé, segura, em terra firme. Quando o teu nome chega, traz com ele um milhão de sentimentos, de sorrisos, de medos e de memórias. Se tu chegasses talvez trouxesses o mesmo.

Há em ti uma imensidão de vida e de mundo. Há em ti a incerteza daquilo que poderá nunca existir. Se nada de bom acontece depois das duas da manhã, por que é que mudaste a minha vida depois dessa hora? Escolheste beijar-me depois das duas da manhã para refutar a teoria? (…) Bem, parabéns! Acredito cada vez menos que as duas da manhã se esqueçam de nos trazer coisas boas.

Isto não é amor, pois claro que não. Nós somos feitos de quases. Aquela quase-noite. Aquela quase-conversa. Aquele quase-beijo. Aquela quase-vida. Aquele quase-tudo. Somos feitos de quases. E eu já não sei lidar com quases. Não os quero para mim. Quando voltares vou mostrar-te que não deves esperar uma parte quando podes ter tudo.

Sim, podes ter tudo. As noites, as conversas, os beijos, a vida. Tudo. Não precisamos de continuar a ser quases. Isto não é amor, claro que não. Mas podia ser. Oh, se podia!

 

Texto correspondente ao mês de Fevereiro, no CPR

6 Replies to “podia ser amor”

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