A (Ir)Responsabilidade dos Influencers

Aconteceu no Brasil: uma influenciadora esteve doente, com Covid-19. Depois de se curar decidiu festejar… literalmente. A influenciadora decidiu fazer uma festa em casa, com vários amigos. A irresponsabilidade não passou ao lado dos seguidores e de outros influenciadores e o resultado foi devastador. A rapariga começou a perder milhares de seguidores (perdeu cerca de 100 mil em poucas horas) e acabou por desactivar a conta de Instagram.

Se os seguidores não gostaram, as marcas que trabalhavam com ela gostaram ainda menos e foram muitas as que se demarcaram da atitude da influenciadora. Se isto prova a irresponsabilidade que se vê por aí, também prova algo que eu ando a defender há muito tempo: os influenciadores têm muita responsabilidade social. É preciso falar sobre isto.

A responsabilidade dos influenciadores

Há algum tempo que queria voltar a este assunto da responsabilidade social dos influenciadores, tanto que até apontei o tema para não o esquecer. Quando, há uns meses, o Presidente da República convidou um grupo de influenciadores a ir ao Palácio de Belém defendi, nos últimos parágrafos do texto, que os influenciadores precisam de reconhecer o papel que têm, a influência que têm. A minha opinião não mudou.

Quantos mais seguidores temos maior é a nossa responsabilidade perante aquilo que defendemos publicamente. É inevitável. Muitos parecem não o reconhecer ou não o querer reconhecer, mas claro que é importante saber as causas que os influenciadores defendem. Tal como disse em Outubro, se têm uma voz devem usá-la para causas importantes e, em tempos como este, para promover atitudes responsáveis.

A responsabilidade dos seguidores

As coisas não se ficam por aqui. O que este caso do Brasil veio mostrar, para quem tinha dúvidas, que ninguém se torna influente sozinho. Os seguidores são fundamentais e é neles que reside o êxito de um influenciador. Isto é mais ou menos lógico para a maior parte das pessoas: só consegues influenciar se tiveres quem influenciar. No entanto, há muita gente que se esquece disso.

No caso da influenciadora brasileira, o resultado foi impressionante. Aquelas 100 mil pessoas não se queriam associar a uma pessoa irresponsável. Provavelmente teriam saído muitas mais se ela não tivesse desactivado a conta.

Aquilo que acho importante reter nesta situação é: por um lado, os influenciadores precisam de ter noção daquilo que partilham e promovem, precisam de perceber que a voz que têm deve ser usada com consciência. Por outro lado, precisamos de ser mais conscientes e críticos em relação às pessoas a quem damos voz. Se os influenciadores, os artistas, etc. precisam de público para crescer, o público precisa de saber escolher quem ajuda a crescer.

Já não é só outfits do dia, jogos e vídeos sem substância

Estamos a ficar um bocadinho mais exigentes com as pessoas que seguimos. Sim, queremos ver a maquilhagem, os outfits, os jogos ou a tour de casa, mas também queremos saber a posição daquela pessoa em relação a outras coisas, desde o casamento homossexual ao aborto.

Acredito que isto acontece porque também queremos ver os traços humanos daqueles que idolatramos, queremos saber quem são, de onde vêm, o que defendem. Eu não preciso de saber em que partido votou aquela pessoa, mas se souber o que ela defende consigo identificar-me mais com ela. E, no fundo, é assim que se formam influenciadores: identificamo-nos com eles e com aquilo que eles defendem. Se não for assim, será que vale a pena seguir?

4 Replies to “A (Ir)Responsabilidade dos Influencers”

  1. Não sabia dessa história… estou chocado. Que falta de noção! Well, já sabes o que acho sobre este assunto. Concordo totalmente!

  2. É, no fundo, uma responsabilidade partilhada. Porque, como bem referiste, determinadas pessoas influenciam-nos se nós o permitirmos. Portanto, também temos que aprender a ser críticos e criteriosos, da mesma maneira que aqueles que querem ser influenciadores têm que estar conscientes das causas que defendem.
    «se têm uma voz devem usá-la para causas importantes e, em tempos como este, para promover atitudes responsáveis», assino por baixo!

  3. Concordo inteiramente contigo. Acho mesmo que eles têm responsabilidade nesta sociedade e a verdade é que tentamos sempre identificar-nos com as pessoas que seguimos, uns mais outros menos, mas acabamos sempre por fazê-lo.
    Beijinho

  4. Eventualmente vou se ignorante, mas é partilhando visões que aprendemos. Eu nem sequer consigo compreender a existencia de influencers. Ou seja…faz-me sentido que alguém que tenha uma carreira sólida em algo, use a sua fama para dar voz a causas ou campanhas. Mas alguém que vem do nada e tem seguidores por como se veste… a serio que não alcanço…

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