i·dei·a
(grego idéa, -as, aparência, maneira de ser, estilo)
nome feminino
1. Representação que se forma no espírito.
2. Percepção intelectual.
3. Pensamento.
4. Lembrança, memória.
5. Plano, intenção.
6. Fantasia.
7. Doutrina; sistema.
Ter ideias é uma cena lixada. Houve uma época em que dizia que elas, as ideias, chegavam constantemente, qual metro em hora de ponta. No entanto, não é fácil viver com ideias. Por vezes, a inspiração é nossa amiga. Mas e quando é a nossa inimiga?
Ainda recordo com um certo receio a altura em que todas as minhas ideias pareciam ficar perdidas na tradução, inconcretizáveis, inacabadas. Depois consegui pegar na ideia certa e trabalhar com ela, mas, no final, veio um vazio estranho. Não é o vazio de quem não tem ideias; é o vazio de quem tenta a auto-sabotagem, de quem arranja problemas para todas as ideias que tem.
Todas estas experiências me passaram pela cabeça quando vi os dois primeiros episódios de Clube da Felicidade, o documentário (posso chamar-lhe assim?) que o Carlos Coutinho Vilhena tem feito para o Youtube. A série mistura o conceito de documentário com ficção, talvez com um toque de humor, e acho fascinante a forma como o Carlos Coutinho Vilhena e o Pedro Durão escreveram algo tão facilmente relacionável para quem cria algum tipo de arte: o problema das ideias.
Aquilo que me fascinou nestes episódios foi ver o CCV a debater-se com o facto de precisar de uma ideia excelente para superar o êxito de O Resto da Tua Vida. No entanto, sempre que parece estar no caminho de concretizar uma ideia há sempre algo que o impede de a perseguir: ou é o actor, ou é um problema legal, ou é simplesmente a vida.
Por mais ficcionado que seja o guião, isto é a realidade. Quantas vezes não desisti de uma ideia porque simplesmente naquele momento não estava a conseguir concretizá-la? Ou porque alguém tinha feito algo parecido, mas não igual?
Tal como podes escolher ver o copo meio cheio ou meio vazio, também podes escolher ver a inspiração como bênção ou como maldição. Se vês como maldição, vais tentar matar todas as tuas ideias, vais arranjar desculpas para desvalorizar cada ideia e vais viver atormentado com a chegada das ideias. Se vês como uma bênção, vais tentar dar o teu melhor para perceber até onde consegues chegar com aquela ideia, mesmo que se torne um falhanço épico.
Sabes, estava quase a ter uma ideia. Falhei. Nem sempre estamos prontos para as ideias quando elas chegam e elas não esperam por nós. Paciência.
«Não é o vazio de quem não tem ideias; é o vazio de quem tenta a auto-sabotagem, de quem arranja problemas para todas as ideias que tem», sinto que este é mesmo o nosso pior inimigo, na hora de trabalhar as ideias que vão surgindo, porque parece que tudo o resto se manifesta num tom mais alto.
Adorei os dois primeiros episódios, estão mesmo relacionáveis, como referiste
Devia haver algo como os headphones de cancelamento de ruído, mas para o ruído da nossa própria mente! 🤷♀️
“Sabes, estava quase a ter uma ideia. Falhei. Nem sempre estamos prontos para as ideias quando elas chegam e elas não esperam por nós. Paciência.” Podia ser o resumo da minha vida. Mas seguimos firmes em busca de novas ideias! Sejam tontas ou geniais, elas são sempre bem-vindas 😉
É isso mesmo: seguimos na busca! 💪