Crescer, mudar, tentar

Sempre me recusei a determinar um nicho para o meu blog. Quanto mais lia sobre o assunto e quantas mais vezes via um especialista dizer que era necessário escolher um nicho mais eu me recusava a escolhê-lo. Há uns anos, decidi que podia escolher dois ou três nichos, mas sem fechar a porta a outros: passei a ter um blog sobre livros, escrita e a vida. Porque a vida abrange todo um mundo de possibilidades. Não era um nicho.

No entanto eu sei quais são os temas em que as pessoas (algumas, pelo menos) consideram que eu sou minimamente especialista: livros, escrita e blogs. E comecei a pensar em nichos. Se eu fizesse consultoria ou algo do género também aconselharia nichos mais restritos, então porquê tanto receio em transportá-los para o meu blog?

O medo dos rótulos e da saturação temática

Sabes por que motivo sempre quis ter um blog generalista? Porque não suportava a ideia de ter me reduzir a um assunto quando sabia que tantos outros me interessavam. Ter um blog sobre tudo abria milhões de oportunidades de textos e dava-me liberdade de escolha e de criação, sem medos por arriscar num tema novo. Achei que limitar o blog me limitaria na escrita e excluiria todos os outros assuntos. Estava errada.

Admito que não queria rotular o meu blog e que tinha medo da saturação. Focar o blog em determinados temas não fecha a porta a todos os outros assuntos de que gosto de falar. Quem fecha essa porta sou eu, ao pensar assim. Demorei a aceitar este facto.

Mas porquê falar-te deste assunto agora? Tenho pensado muito nisto. Quando começaram a surgir mais perfis literários no Instagram muitas pessoas diziam-me que devia criar um também, para ter onde falar só de livros. Também pensei no assunto, mas não me identifico com a forma de funcionar da maior parte dos perfis literários e nunca quis falar  de livros.

Aqui há dias falava disto com uma amiga, sobre como nunca tinha desejado falar só de livros aqui ou no Instagram. Eu nunca quis falar de uma só coisa, então as pessoas associam-me a três coisas principais e a três outras, secundárias: livros, escrita e blogs são as principais. FC Porto, Linkin Park e GNR são as secundárias. E então fez tudo sentido.

Sabes qual é a semelhança entre livros, escrita e blogs? Todos se ligam. Há livros sobre estes temas, a escrita existe nos livros e nos blogs e os blogs vivem de escrita, muitas vezes com livros dentro. E aí eu soube o quanto queria ter um blog de nicho, de três nichos.

Será que estou a trair a essência do meu blog?

Tenho estado aqui a olhar para o meu blog, a ver ideias e a ler textos antigos e pergunto-me se ele se sente traído por mim. Será que ele sente que isto vai contra tudo o que temos feito?

Quero dizer-te que decidi que este é um blog de vida, mais focado em livros, escrita e blogs, mas com vida. É que a vida abre um mar de possibilidades. O tal mar de possibilidades que sempre sonhei para este blog. Ao tomar esta decisão de recentrar blog não sinto que estou a limitá-lo. Pelo contrário, sinto que estou a ajudá-lo a crescer.

Quero continuar a falar sobre livros, quero falar mais sobre escrita porque há tanto a falar sobre ela, directa e indirectamente, quero falar sobre blogs, porque os blogs já não vivem só na blogosfera. Mas quero, acima de tudo, falar da vida. É que sem vida não havia qualquer escrita.

Acredito que aquilo em que mais focamos os nossos projecto acaba por mudar ao longo do tempo, de acordo com as nossas experiências e vivências. Neste momento, sinto que este é o caminho. Daqui a um ano pode ser outro. Sabes, é que um blog onde se fala de alguma coisa que inclua a vida é sempre um blog cheio de possibilidades. É que a vida faz a escrita e a escrita é feita de vida.

4 Replies to “Crescer, mudar, tentar”

  1. Sinto que o meu primeiro blogue não prosperou, porque também limitei demasiado o conteúdo. E quando compreendi que me apetecia conversar sobre outros temas, já não me fazia sentido fazê-lo naquele espaço. Ainda assim, consciente ou inconscientemente, acho que acabamos por criar os nossos nichos, porque há sempre temas que nos interessam mais do que outros, mas é sempre mais vantajoso quando deixamos a porta entreaberta, porque não sabemos o que nos interessará no futuro.

    Adorei a conclusão deste texto *-*

  2. és escritora, como é óbvio não te querer limitar. Não te preocupes com o nicho mas sim com a qualidade. Tu sabes escrever e bem. Há quem se foque num nicho e depois a qualidade… bem não vamos falar sobre isso

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