e então vem a arte

Puxas-me para ti e mal sinto os teus lábios nos meus sei que não há como escapar. Não quero escapar. Há uma urgência estranha na forma como me puxas para ti. Talvez me desejes mais do que os outros, ou talvez eu te deseje mais do que aos outros. Sinto-me capaz de incendiar um cubo de gelo.

Se os teus lábios tocam nos meus, quero que nunca se separem. Se as tuas mãos percorrem o meu corpo em busca de prazer, quero que nunca pares. Se dizes que me queres, quero que nunca pares de me dizer onde, quando, como.

Quando termina anseio os regressos, mesmo que saiba que, durante dias, te vou sentir em mim mal feche os olhos. Os teus lábios a percorrem-me o pescoço, a pararem no peito. Fazes-me sentir tudo. As tuas mãos tocam-me, puxam-me, guiam-me para outro mundo. Sinto-te em mim de forma perfeita. Quando acabas e repousas em mim, eu sou total e completamente feliz.

Talvez seja uma felicidade demasiado passageira, demasiado ligada aos pecados que ali cometemos, mas é real. Enquanto os nossos corpos encaixam um no outro nada mais importa. Enquanto aquela cama nos recebe não há nada de errado no mundo. Que importa se é uma felicidade que termina quando vais embora se quando me puxas para ti eu sei que é realmente a mim que queres ali?

E então vem a arte. Roupas espalhadas pelo chão. Beijos. Toques. Gemidos tão altos que um dia destes ainda ensino o teu nome aos vizinhos. Lembra-me de que não te posso deixar marcado. Deixa-me marcada. Diz o meu nome, diz outros nomes, diz o que queres, manda. Trata-me como território conquistado. Esquece o anti-colonialismo, eu posso ser uma das tuas colónias. Atira-me para a cama, puxa-me para ti, venho, vens, vimos. Depois já vais. Respirações ofegantes. Queres que sinta o momento? Este é o momento que quero sentir.

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