O ano está a terminar e, com ele, o primeiro ano (civil) da saga do dentista. Falei disto apenas para contar a minha peripécia inicial (que é como quem diz: eu ter uma crise de ansiedade no consultório) e ainda não tinha voltado a falar mais detalhadamente sobre esta saga da minha vida. Fui dando algumas indicações em histórias de Instagram ou na newsletter, mas achei que, com o final do ano, era uma boa altura para falar dos progressos que houve desde a consulta de avaliação, em fevereiro.
Pré-aparelho: um dente que nos deu luta, o problema dos sisos e outros pormenores
Antes de pensarmos no aparelho tínhamos algumas coisas para resolver primeiro. A primeira consulta foi uma limpeza normal, daquelas que devíamos fazer regularmente. Logo a seguir segui para o caso do dente que o raio-x mostrou que estava mais desvitalizado.
Beeeeeeem, os problemas que este dente deu. Achámos — eu e o dentista — que ia ser algo mais fácil de resolver, mas acabou por se mostrar mais complexo do que isso. Tive umas seis ou sete consultas só dedicadas a este dente. Honestamente, já estava tão frustrada e cansada que cheguei a dizer ao dentista que se fosse necessário podíamos excluir a ideia da coroa e partir para outra opção. Foi preciso verificar a viabilidade do dente, tratar uma pequena infeção que se formou e voltar a chumbar o dente. O dente já tinha pouca estrutura e quando tirei o siso essa estrutura ficou ainda pior. Foi muito motivador, não haja dúvida. Acabámos a fazer uma coroa provisória e só em setembro o tratamento foi dado como concluído, pronto para colocar uma coroa definitiva quando for altura disso.
Tive ainda dois dentes chumbados, uma raspagem e fiz uma TAC. Depois da TAC tirei o meu primeiro siso, um siso ocluso e que estava quase na diagonal. Correu tudo bem, felizmente, tirando mesmo a questão de ter afetado a estrutura do outro dente. Depois de ter alta do siso — ainda enquanto tratava o outro dente — passei finalmente à fase do aparelho.
Aparelho: progresso e as dores horríveis da barra transpalatina
Coloquei o aparelho superior no último dia de maio e o aparelho inferior cinco semanas depois. O aparelho superior doeu uns dois ou três dias, mas foi relativamente tranquilo. O aparelho inferior doeu muito mais. Os dentes de cima estavam muito mais separados, mas realmente no aparelho inferior sofri um pouquinho mais.
Há dois meses, a meio de outubro, coloquei a barra transpalatina e, meus caros, que dores do demónio! E não foram dois ou três dias. Foi um mês de dores horríveis. Doía a comer. Doía sem comer. Doía tudo, em todo o lado, ao mesmo tempo. Para ajudar, magoou a língua, então doía ainda mais. Não recomendo.
Nesse primeiro mês, usei também elásticos intraorais, daqueles que unem a parte superior à inferior. No mês seguinte tirei dois pré-molares inferiores e, por isso, os elásticos intraorais tiveram uma pausa. Neste segundo mês tive menos dores causadas pela barra, apenas algum desconforto na língua, mas nada do outro mundo. Foi mais mês de continuar a magoar-me na língua ou nas bochechas.
Neste momento, estamos assim de progresso: os dentes de cima estão alinhados (há anos que não os via tão direitinhos) e a mordida já está descruzada, apenas à espera de que os molares vão ao sítio exato em que têm de estar. No dia em que estou a publicar isto (14 de dezembro) estou com algumas dores porque ontem fui ao controlo mensal e coloquei já elásticos fixos para começar a puxar dentes para trás, além de os elásticos intraorais terem regressado.
Próximos passos
Agora que tirei os pré-molares vai começar outra parte divertida que é a de puxar os dentes inferiores para trás. Sei que vai doer, espero que não doa tanto como doeu a barra.
Tenho também já marcada a extração do segundo siso, que está semi-ocluso e está a dar problemas nas redondezas. Mais tarde, ainda sem data marcada, virá a altura de tirar os sisos de cima, mas esses estão em posições normais, pelo que será relativamente tranquilo.
Fica a faltar ainda a coroa para substituir esta coroa provisória, mas para já estamos a dar tempo ao dente para recuperar de tantas semanas seguidas a ser atacado.
Sentimentos ao fim destes primeiros meses
Confesso que as dores da barra transpalatina me desmotivaram. Estava muito contente por ver resultados mensais e ver os dentes ir ao sítio, mas aquelas dores desmotivaram. Ter dores ao ponto de não conseguir comer ou simplesmente nem querer comer por saber que ia doer mais serviu para perder quase três quilos e odiar o universo durante um bocado. Felizmente, as coisas melhoraram e o facto de haver progressos que eu não noto tanto mas que a ortodontista assinala acaba por dar algum alento. Neste momento prevêem-se ainda 23 meses de aparelho portanto tenho a certeza de que haverá ainda muito progresso para ver.
Mais uma vez, não sei quanto desta saga me irá apetecer relatar. Provavelmente só volto daqui a um ano para falar de mais um ano desta saga. Não deverá ser um ano tão cheio de dentista como este, em que tive 30 consultas, mas espero que seja um ano menos doloroso. Já me contento com isso.
Sei tão bem o que isso é. A minha saga de dentistas durou dos 6 aos 20 anos com barra transpalatina e outros afins. Mesmo após a cirurgia ao maxilar ( tinha o de baixo mais saído que o de cima) ainda usei aparelho uns bons meses. Era frustrante e cansativo mas foi tudo uma questão de adaptação… não tinha outra solução. Espero que melhores e gostes do resultado final 🤍
Barra transpalatina é mesmo uma coisa do demónio, nem há palavras!