Há qualquer coisa de contemplativo em escrever este texto. Há sempre qualquer coisa de contemplativo em fazer anos e pensar no último ano, ou nos últimos anos, não é? Faço 27 anos. Há uns meses partilhei aqui a história curiosa de como, em criança, achava que ter 27 anos devia ser a cena mais fixe de sempre. Sempre que criava as minhas personagens para brincadeiras queria que elas tivessem 27 anos. Não sei porquê, mas parecia a idade mais fixe, a idade em que já se é adulto, mas não se é velho, e em que a vida já está toda resolvida e é só vivê-la. Talvez daqui a um ano descubra que realmente ter 27 anos é a cena mais fixe de sempre. Para já, parece só a cena mais estranha de sempre.
O último ano foi um dos anos em que mais cresci. Não em tamanho, que isso já lá vai, mas naquela escala que se usa para chamar alguém adulto. Foi o ano em que aprendi a fazer garrotes, a preparar vacinas, a vender produtos para ansiedade canina com a maior facilidade do mundo. Foi o ano em que me dediquei menos às minhas coisas: ao blog, à ficção, ao que for, mas foi o ano em que senti que estava realmente muito melhor nestas artes, em que estava pronta para próximos passos.
Ao longo do ano dos meus 26, aprendi a valorizar ainda mais o espaço a que chamo casa. A minha casa, que agora realmente nos pertence. Parei várias vezes para pensar em quanto a minha mãe é incrível e é engraçado ter aprendido que a necessidade do colo da mãe é um gráfico interessante – parece que vai diminuindo durante algum tempo, mas quando começamos a ficar mais adultos a necessidade do colo da mãe aumenta. Às vezes só preciso mesmo do colo da minha mãe.
Aos 26, senti-me muitas vezes num limbo estranho entre o ainda me sentir um bocadinho com 17 anos e o já me sentir com 117 anos, mas já chega de me tratarem como se tivesse 17 anos, já é altura de aceitarem que esta pessoa adulta tem opiniões. Uma dessas opiniões ocupou muito do meu tempo neste ano: o que é ser amigo de alguém? Tive muitas saudades dos meus amigos. Há amigos que não vejo há dois anos e adorava poder abraçá-los já hoje.
Noutros anos, tentei sempre partilhar uma lista de aprendizagens condizente com os anos, mas não sei bem quais as 26 coisas mais importantes que aprendi aos 26. Sei, isso sim, que a miúda de 6 ou 7 anos que queria ter 27 para ser super adulta e fixe ia ficar muito confusa ao perceber que chegou aos 27 e que há dias em que não se sente adulta, em que há dias em que ainda fazem sentir minúscula e em que só apetece esconder debaixo dos cobertores.
Não chego aos 27 com a leveza com que cheguei aos 26, com aquela esperança em coisas novas que não podia revelar (a casa e o mestrado), mas chego com um outro sentimento que, daqui a um ano, espero saber explicar… até porque já sabes que sou supersticiosa e não quero falar de coisas que posso agoirar.
Hoje faço 27 anos. Nem tudo é como eu achei que seria aos 27, mas estou a escrever isto com vista para o Porto, como queria. Perdi pessoas e tenho saudades dos meus amigos. Quero trabalhar para uma vida que me permita dividir o tempo entre o que me faz bem. Quero riscar a lista de coisas antes dos 30. Mas, sei lá, vai que a vida tem planos diferentes e que só me permite uma coisa: então que me permita viver. Aquela cena do clube dos 27 é engraçada, mas se calhar ficamos pelo clube dos 87 ou assim, está bem?
Que sejam uns 27 cheios de conquistas. De muito amor e de muitos abraços. Aprendizagens, também. E, se calhar, um pouquinho de imprevisibilidade para tornar a viagem surpreendente. Mas, seja como for o caminho, que sejam os 27 que, inconscientemente, foste idealizando. Muitos parabéns, querida Sofia <3
Muito obrigada, querida Andreia! 💙
Parabensssss a esses 27 que serão do carago, recheados de momentos adequados à tua pessoa, aos teus planos e sonhos. Não duvido, por um segundo, de que conseguirás grande parte do que preferes guardar para ti, neste momento. Melhor do que ninguém, sabes que tudo se consegue com trabalho, dedicação e uma certa dose de amor pelo meio!… Portanto, nunca percas foco nisso. No amor que vive em ti e que se pode traduzir na tua linguagem; 💙
Muito obrigada, Lyne! Adorei esse “carago”‘! 😂
Já eu, ao contrário de ti, sempre achei que aos 27 não acontecia nada. Tal como aos 17. É aquela idade nhé. Há idades que ansiamos, como os 18 (não sei bem porquê, manias da sociedade!) e há outras que tememos, como os 30 (eu temi, e não gostei mas já passou ahaha). Desejo-te uns 27 com boas recordações para o teu futuro! E que nos continues a trazes estes textos que são tanto a tua essência!