A depressão sazonal não é exclusiva dos meses frios, no entanto estes meses acabam por ser propícios ao surgimento deste transtorno. Conhecido em inglês como seasonal affective disorder (SAD), este tipo de depressão costuma ser associado aos tipos de depressão que surgem e desaparecem sazonalmente.
Agora que o Outono começou, achei que fazia todo o sentido falar-te sobre este tema tão importante. Antes disso, fica a ressalva: não tenho formação em Psicologia nem em áreas semelhantes. A pensar nisso, no final da publicação terás uma lista das ligações que me ajudaram a preparar esta publicação de forma mais informada.
Esta publicação demorou um ano para sair da lista de ideias e passar à lista de artigos escritos. No ano passado queria ter escrito sobre depressão sazonal, mas, entre demasiadas horas extra, dois trabalhos e a saúde mental na lama, nunca consegui pensar no que escrever.
Apesar de ser muitas vezes chamada de depressão de Inverno, a depressão sazonal pode afectar pessoas noutras estações do ano. Ainda assim, os meses frios parecem ter um impacto maior na saúde mental, muito por causa do facto de haver menos horas de sol e de o frio nos obrigar a ficar mais dentro de casa.
Este Transtorno Afectivo Sazonal é um tipo de depressão que surge todos os anos mais ou menos na mesma altura, normalmente no início do Outono, embora possa ocorrer na Primavera e no Verão de forma menos frequente. Os sintomas são semelhantes aos de uma depressão normal, no entanto podem indicar outras doenças mentais além da depressão.
De acordo com o The National Institute of Mental Health (NIMH), dos Estados Unidos da América, esses sintomas podem ser, entre outros:
- Ter pouca energia;
- Perder interesse em actividades de que antes se gostava;
- Dificuldade em dormir;
- Mudanças de apetite ou de peso;
- Afastamento social.
Além disso, é impossível ignorar o facto de estarmos a viver uma pandemia, algo que também tem sérias consequências na saúde mental.
Quais são as causas deste tipo de depressão?
É difícil apontar causas específicas, no entanto há vários estudos que apontam o facto de os dias solares serem mais curtos como a maior razão para o surgimento da depressão sazonal.
Noites longas, dias em que anoitece muito cedo e em que sais do trabalho ou das aulas e já é de noite, meteorologia propícia para ficar em casa… enfim, as características do Outono e do Inverno influenciam também o nosso estado de espírito e podem ser a maior influência para o aparecimento deste transtorno.
Se reparares, a luz tem um grande impacto na forma como vemos o mundo. Normalmente, se entrares numa sala mais escura e sombria vais achá-la mais triste. O mesmo acontece quando o dia está nublado ou chuvoso: quantas vezes não é dito que o dia está triste porque está cinzento?
Há factores que aumentam a probabilidade de sofrer de depressão sazonal?
De acordo com o NIMH, há cinco factores de risco que podem aumentar a probabilidade de sofreres deste transtorno. São eles:
- Ser do género feminino;
- Viver longe do Equador (principalmente acima dos trópicos);
- Histórico familiar de depressão;
- Sofrer de depressão ou de transtorno bipolar;
- Ser de grupos etários jovens.
Há tratamento para este transtorno?
Tal como noutros tipos de depressão, o tratamento para a depressão sazonal pode passar por medicação e psicoterapia. Neste caso, pode ainda haver lugar para Terapia da Luz, uma terapia que expõe os doentes a luz artificial semelhante à do sol, ou mesmo suplementação de Vitamina D. Estes tratamentos podem ser usados em separado ou em conjunto.
Como prevenir a depressão sazonal?
Há uma série de estratégias que podem ajudar a prevenir ou, pelo menos, a minimizar os efeitos da depressão sazonal. Entre pesquisas e informações, aquelas que me parecem mais comuns e adequadas são:
Não ignorar os sintomas
Para mim é, possivelmente, o mais importante. Não ignorar sintomas, principalmente se perceberes que é algo que te acontece regularmente. Aí deves falar com um profissional de saúde, para explicares o que sentes e para que te consigam ajudar o mais cedo possível.
Manter uma alimentação saudável
A alimentação pode ter uma forte influência no nosso bem-estar físico e psicológico. Escolhe cuidadosamente os alimentos que farão parte das tuas refeições.
Praticar exercício físico (se possível ao ar livre)
Se já praticas, é não deixares de o fazer. Se não praticas pode ser a altura ideal para começares. Uma boa forma de fazeres exercício físico ao ar livre é fazeres caminhadas ou corridas.
Aproveitar a luz natural em casa e no trabalho
Abre persianas e portadas, arreda cortinas, senta-te mais próximo das janelas e deixa que a luz entre. Muitas casas portuguesas não são construídas com a ideia de luz natural presente, mas, ainda assim, abrir persianas e arredar as cortinas pode ajudar a que entre mais luz e a tornar o lugar mais agradável e menos sombrio.
Se tiveres oportunidade, ir de férias para destinos de sol
Esta é a sugestão mais complicada, porque nem toda a gente tem condições profissionais ou financeiras para o fazer. No entanto, se tiveres oportunidade, viaja para países do hemisfério contrário, onde estejam na Primavera/Verão.
Gostaste destas dicas?
Como podes saber mais sobre a depressão sazonal
Seasonal Affective Disorder, disponível no site do The Nacional Institute of Mental Health (NIMH);
Depressão Sazonal: Não se deixe afectar, disponível no site da Medis;
Seasonal affective disorder (SAD), disponível no site do United Kingdom National Health Service (NHS);
Seasonal Affective Disorder (SAD), disponível no site da American Psychiatry Association;
Seasonal affective disorder: bring on the light, disponível no Harvard Health Blog.
Todos os artigos foram consultados a 23 de Setembro de 2020.
Espero que esta publicação tenha sido útil para compreenderes melhor a depressão sazonal e, quem sabe, para conseguires detectar mais facilmente este tipo de depressão em ti ou nas pessoas que te são próximas.
Obrigada por esta publicação! Colocar uma bandeira neste tema, com tantas ferramentas úteis, é mesmo imprescindível.
Estás a fazer um trabalho fantástico, de coração!
Muito obrigada! Fico tão contente por saber que achas que é um bom trabalho! Obrigada, obrigada, obrigada! ?
Adorei as dicas e o o infográfico
Que bom teres escrito este artigo! Foi mesmo útil. Tenho reparado, agora que estou mais em casa, nas minhas alterações de humor, disposição, etc., e consegui identificar-me com alguns sintomas (p.e., às vezes, não me consigo refugiar nas atividades de que gosto com tanta facilidade; ou fico com os níveis de energia muito baixos e não me apetece fazer grande coisa). Há momentos mais desafiantes do que outros, e tenho aprendido que ajuda imenso falar com as pessoas que nos são próximas… Não só para organizar as ideias, mas também porque desabafar, na maior parte das vezes, é o suficiente para libertarmos alguma tensão e evitar que a espiral se torne maior! ♥
Beijocas,
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