Terminei a retrospectiva de 2020 a dizer-te que, no final de 2021, queria dizer que este tinha sido o ano das mudanças. Na altura, havia duas mudanças esperadas, os tais dois grandes objectivos do ano: mudar-me para o Porto para fazer mestrado e mudar de casa com a minha mãe. Acabámos por conseguir comprar a casa em que já vivemos, portanto essa mudança não se deu, embora tenha mudado muito cá em casa.
Em vez de mudanças, acho que 2021 foi o ano dos desafios. Não foi um ano de tanta reflexão e introspecção, mas foi um ano de muito trabalho, de muita poupança e de muita vontade de conseguir superar todos os desafios que iam surgindo.
2021 foi desafiante pelo trabalho: muitas horas, muitas coisas para aprender, muitas pessoas com quem lidar. Foi desafiante pelo mestrado: primeiro, dar tudo para entrar, depois ter o máximo de dinheiro poupado para, durante pelo menos o primeiro ano, só depender das minhas finanças. Consegui uma boa almofada financeira e tenho sido bem contida em gastos (ao ponto de a minha mãe ter ficado surpreendida quando lhe disse quanto dinheiro tinha gasto nestes meses).
2021 também foi desafiante no próprio mestrado. Tendo em conta que a pós-graduação funcionava de outra forma, não tinha necessidade de estudar há cinco anos e já não sabia o quanto isto podia ser exigente e desgastante. Tive muitos momentos de socorro, mas tenho-me organizado para que corra melhor. Também houve o desafio mais complicado, o do tempo: que não esticou e não deu para tudo. Deixei muitos objectivos por cumprir. Se calhar fui demasiado ambiciosa, se calhar fui demasiado preguiçosa. Ainda assim, 2021 foi um bom ano. Desafiante, mas bom, e só posso agradecer por mais um ano em que não apanhei Covid-19 e em que consegui aproximar-me mais e mais da pessoa que quero ser.
2021 começou com um dia de neve e eu decidi que só podia ser bom presságio. Não acho que me tenha enganado. Foi um ano puxado, mas não foi assim tão mau. Começou com dúvidas e receios pessoais, mas sempre com a sensação de que iam acontecer coisas boas. Mesmo entre estados de emergência e coisas do género, trabalhei sempre normalmente. Passei muito frio, mais do que alguma vez me lembro de ter passado, gravei o podcast com convidados e depois simplesmente assumi que não tinha tempo e deixei de gravar. Candidatei-me a mestrado no dia 9 de Janeiro. Tinha passado um bom bocado a brincar na neve com a Lady, estava a sentir-me confiante e com boas energias. Até correu bem.
Em 2021 gostei de escrever…
Vi muitas situações complicadas no trabalho. Tive vontade de mandar clientes à merda ou a lugares bem piores. Cuidei de um cão a esvair-se em sangue enquanto esperava aguentar-me sem chorar (e aguentei!), vi os resultados horríveis da falta de vacinação em cães, vi pessoas que não mereciam sequer poder estar no mesmo espaço de um animal. Mas também vi coisas boas: o Porto a derrotar a Juventus, o cartão de sócia, a lista de entradas no mestrado, a escritura da compra de casa.
Em 2021 gostei de escrever…
Fui vacinada, cozinhei bacalhau com natas e baba de moça pela primeira vez, tivemos uma galinha no internamento, escrevi um poema, mas não escrevi grande coisa. Tivemos obras em casa, que ainda não terminaram totalmente, remodelámos 90% da sala. Trabalhei muiiiiiiiitas horas em Julho e em Agosto, mais do que já trabalhava habitualmente, esgotei-me enquanto via a conta-poupança crescer e garantir uns meses descansados.
Em 2021 gostei de escrever…
Pela primeira vez, o dinheiro acumulado em Afiliados Wook pagou uma encomenda de três livros. Comprei um telemóvel novo e ofereceram-me um tablet. Conduzi de casa a Gaia e do Porto a casa sozinha. Fiquei sem óculos graças ao Pegasus. Tive medo. Fiz amigos, li dezenas de páginas de estudo, questionei opções, decidi confiar no percurso. Fiz 27 anos e tive direito a dois bolos de aniversário – o sonho! Foi um ano em que muitas vezes me esqueci de quem sou – não criei tempo para mim, para as minhas coisas, e só me deixei ir com a rotina mecânica de todos os dias.
Em 2021 gostei de escrever…
Mas 2021 deu-me aquilo que eu mais queria: o mestrado e a casa para a minha mãe. Como não me sentir eternamente grata? Claro que foi mais um ano sem ver metade dos meus amigos, claro que não fui propriamente a lado algum (ainda que tenhamos feito vários domicílios em aldeias dos arredores da Mêda e Foz Côa) e não fui assim tão interessante para a vida, mas estou a fazer o mestrado que queria e estou a escrever-te isto da minha casa. Só por isso, só tenho de agradecer, mas… I don’t know about you but I’m feeling 2022.
Mereces que 2022 venha carregadinho de bons momentos e de conquistas. E eu cá estarei deste lado a torcer por isso.
Um excelente ano, querida Sofia. Sendo um pouquinho egocêntrica, vou intrometer-me e dizer que espero que seja o ano em que vamos partilhar uma pavlova 😀
Awww, muito obrigada! Desejo o mesmo, em dobro, com a nossa pavlova, siiiiiiiim!
Entre o bom e o menos-bom, este foi um balanço muito bonito. É tão bom quando vemos grandes objetivos a serem concretizados. Desejo-te tudo de bom, Sofia, que 2022 trate bem de ti e dos teus <3
Desejo-te o mesmo, Leonor! Espero que seja um ano bom para ti e para quem te é querido! 🙏💙