2019 foi… caótico. Juro que tentei encontrar uma palavra melhor, mas caótico definiu tantas semanas deste ano que não consigo pensar noutra. 2019 teve medos, falta de esperança, lágrimas, cansaço emocional, trabalhos complicados, falta de tempo, falta de força, falta de horas de sono. Foi um ano difícil, em que metade dele tive de estar em Lisboa, quando queria tudo menos voltar a viver lá. Agora que me despedi, pela terceira vez, espero não voltar a viver lá. 2019 foi um caos, com momentos de paz e com momentos de inércia.
Em 2019 fui abaixo, fui tão abaixo que me senti sem rumo. Não conseguia ver hipóteses. Parecia tudo escuro, fechado. Fiz psicoterapia e falei de questões sobre as quais nunca tinha falado e que percebi que me pesavam há anos. Com a saída de Lisboa, tive de parar, mas sei que vou voltar. Eu sabia que precisava de ajuda, mas não sabia que precisava tanto.
2019 foi um ano de caos: mental, claro, mas também de agenda, de trabalho, de tudo. Trabalhei mais horas extra do que considerava possíveis, dormi tão pouco que nem tinha força para ser social, para escrever, para ler, para ser eu. Esqueci-me de como ser eu, num prolongamento daquilo que já tinha acontecido em 2018.
Acabo 2019 com mais esperança em 2020, com esperança de me traga aquilo que ando a pedir há tanto tempo. 2020 vai ser melhor. Tem de ser melhor.
Janeiro: is this what hope looks like?
Já disse algumas vezes que gosto do espírito de reflexão e esperança associado à passagem de ano. Depois de um ano em que perdi a esperança, comecei 2019 a sentir-me mais esperançosa e capaz de tudo. Bem, a esperança esgotou-se rapidamente e acabei Janeiro a sentir-me desiludida. Não é que Janeiro tenha sido mau. Mas também não foi bom. Foi meh.
Em Janeiro devorei a 3.ª temporada de A Series of Unfortunate Events e as duas primeiras de The Handmaid’s Tale, que foi o livro que marcou o mês… e o ano. Publiquei o primeiro conto do ano e sofri demasiado com a final da Taça da Liga. Demasiado.
Para recordar Janeiro:
O que ouvia há 10 anos // Sem querer, tornei-me uma pessoa de manhãs // Tenho de deitar fora tudo o que é de plástico?
E ainda mais:
Tá tudo bem problematizar algo que você é fã, da Pam Gonçalves // Jenifer, de Porta dos Fundos
Fevereiro: is this the real liiiiiiifeeeeeee?
Ui, Fevereiro! Começou com uma maratona de Harry Potter, mas o filme que marcou o mês foi o Bohemian Rhapsody, que vi duas vezes. Além deste, vi todos os nomeados a Óscar de Melhor Filme ao longo do mês: o maior feito cinematográfico da minha vida.
Em Fevereiro, li o Becoming, da Michelle Obama, e o Everything I Never Told You, da Celeste Ng, mas o grande acontecimento do mês esteve no futebol: primeiro, vimos o Adrián López marcar um golo à AS Roma; depois, o Óliver Torres voltou aos golos, dois anos depois.
Para recordar Fevereiro:
Bolo de Crepes com Creme de Nutella // Construir um Conto #1 // Zona de conforto e o medo de não sair do mesmo sítio
E ainda mais:
President Trump Can’t Pronounce ‘Venezuela’, do The Late Late Show with James Corden // 10 Alimentos com Açúcar escondido e que não sabias, da Alice Trewinnard
Março: como é bom respirar pelo nariz!
Março foi cheio de acontecimentos. O Federer ganhou o 100.º título da carreira, o FC Porto apurou-se para os quartos-de-final da Liga dos Campeões depois de fazer sofrer toda a gente durante 120 minutos, eu comemorei 10 anos de blogosfera e os Capitão Fausto lançaram um dos álbuns mais ouvidos do meu ano: A Invenção do Dia Claro.
Além disso, fiz uma formação de 25 horas em Relações Interpessoais e passei o mês com uma crise de sinusite que me impediu de respirar pelo nariz. Acho que nem cinco dias desse mês estive sem ter problemas respiratórios. Agradece o nariz desentupido que tens!
Para recordar Março:
Toma lá uma flor // 11.03.2009 // Conta-me Histórias: Talvez // Be The Person Your Dogs Thinks You Are
E ainda mais:
Meu Corpo Virou Poesia, de Bruna Vieira // A Battle For My Life, da Emilia Clarke para a New Yorker
Abril: aquele em que nevou... durante dez minutos.
Em Abril nevou durante uns dez minutos e acho que esse foi o ponto alto do mês, a par do lançamento do Off, o álbum do Zé Manel. Entre consultas, análises para determinar alergias, raio-x, ansiedade e cair no fundo do poço, Abril não deixa muitas saudades. Ardeu uma parte da Catedral de Notre Dame, em Paris, mandei um rapaz à merda (não literalmente, mas quase) porque me disse que usava muita maquilhagem e achei que era impossível piorar depois deste mês. Criança inocente…
Para recordar Abril:
Life Lately // Livros e Liberdade
E ainda mais:
O Machismo não é grave porque é normal, do Diogo Faro // o resto da tua vida_a descoberta (I), do Carlos Coutinho Vilhena e do João André (podia incluir todos os episódios)
Maio: foi cenas.
Maio começou com um susto: foi o mês em que o Iker Casillas teve de ser internado de urgência com um problema no coração e deu-nos medo, muito medo. Foi também o mês em que confirmei as minhas alergias, de terminar Game of Thrones, de eleições europeias, de voltar a sofrer demasiado com futebol e de ter uma visita do Diogo.
Para recordar Maio:
And Now Our Watch Has Ended // Querem mudança?
E ainda mais:
instagram @eva.stories // How Football Leaks Is Exposing Corruption in European Soccer, da New Yorker
Junho: aceita, porque vai continuar a doer.
Em Junho dei o braço a torcer, engoli em seco, chorei e aceitei, mas não doeu menos: voltei para Lisboa, com a certeza de pelo menos meio ano. Não acredito que imaginem o quanto me custou voltar sabendo que não era para ali que queria ir. Comecei a trabalhar, estive três semanas a viver em Monte Abraão e acabei o mês a mudar-me para as Olaias, onde tive a experiência única e (espero que) irrepetível de viver com mais seis pessoas. O que uma pessoa tem de fazer para conseguir (à rasca) pagar uma renda em Lisboa! Para terminar Junho, fui a um sítio onde nunca tinha ido: o Cabo da Roca.
Para recordar Junho:
Objectivos de 2019? A vida trocou-me as voltas // Hashtag Vergonha Hetero
E ainda mais:
Nosso Kasamento, da Karol Pinheiro
Julho: trabalhos, sonhos, palavrões.
Em Julho comecei um trabalho paralelo, como freelancer na área de escrita de conteúdos. Celebrámos quatro anos de blog com uma mudança para o WordPress e apesentei a newsletter do blog. Foi um mês em que senti que o tempo corria e eu não conseguia ter vida. Acordar cedo, ir trabalhar, chegar a casa, cozinhar, trabalhar, ir dormir já de rastos. Não recomendo. Ainda aguentei até ao fim de Agosto sempre a fazer comida para levar para o trabalho, mas depois desisti porque chegar a casa e estar obrigada a ter comida para o dia seguinte estava a tirar-me tempo de vida e trabalho (freelancer) e a dar comigo em doida.
Para recordar Julho:
Obrigada, Chester // Mudámos de Casa // Trabalhos, Sonhos e Palavrões
Agosto: o melhor mês do ano.
Agosto foi o meu mês preferido: voltei à Déjà Lu, em Cascais, que adoro; fui convidada do #twitterchatpt e adorei a experiência; vi os GNR ao vivo na Mêda; passei um fim-de-semana na melhor cidade do mundo (o Porto, claro); comprei finalmente a camisola dos 125 anos do FC Porto; fui ao cinema (passado dois anos) e vi Variações; a Taylor Swift editou o Lover; e a única coisa mais triste do mês foi mesmo o fim de carreira de El Niño Torres. No meio de uma tempestade mental assustadora, Agosto foi bom. Infelizmente não durou para sempre.
Para recordar Agosto:
It Takes a Village
E ainda mais:
Ha sido un viaje maravilloso, do Andrés Iniesta para o El Mundo
Setembro: onde carrego para esquecer este mês?
Revi o meu amigo CASUAR:, na FNAC do Chiado, visitei a aldeia histórica de Marialva e votei antecipadamente para as eleições legislativas.
No resto do tempo estava a chorar, a tentar não chorar, a pensar por que raio só me apetecia chorar, a amaldiçoar o facto de ter tanto que trabalhar e estar tão cansada que só me apetecia chorar. No fim disto tudo, não valeu a pena, mas aprendi que nunca devemos tirar tempo do nosso descanso (muito menos de férias) para fazer coisas de trabalho. Não vale a pena. É que depois ainda ouvimos que não somos bons o suficiente. Merda.
Para recordar Setembro:
O Poder dos Livros // Como acreditar em mim às seis da manhã?
E ainda mais:
Precisamos falar sobre depressão, da Karol Pinheiro para a Salon Line
Outubro foi.
Acho que passei Outubro a ressacar de Setembro. Pelo meio, conseguimos finalmente organizar-nos e fizemos um jantar de Pós-Graduação e ainda deu para visitar outra aldeia histórica, desta vez Linhares da Beira. Acabei o mês a regressar ao cinema para ver Joker, um filme bom, mas complicado e com alguns problemas.
Para recordar Outubro:
Influencer em Belém, Literatura Light e os Dramas da Internet
E ainda mais:
‘How can I complain?’, de James Blake
Novembro: quarter-life.
Fiz 25 anos. 25. Wow. Para comemorar, juntei algumas pessoas e fomos jantar a um restaurante que tem tudo a ver comigo: Dama e Vagabundo. Recebi o Jota e o Diogo e o Ricardo em Lisboa e fomos à exposição de Harry Potter e ao Miradouro Panorâmico de Monsanto. No final do mês, soube que o meu contracto não ia ser renovado e comecei a preprarar-me para deixar Lisboa (de vez, espero).
Para recordar Novembro:
24 coisas que aprendi aos 24 // Harry Potter: The Exhibition
E ainda mais:
Live at the 2019 American Music Awards, da Taylor Swift
Dezembro: adeus, 2019.
Há três coisas sobre o último mês do ano que preciso de realçar: 1 – regressar à Déjà Lu; 2 – ver os Ornatos Violeta no Campo Pequeno; 3 – o Fine Line, do Harry Styles. That’s it. Vi vários filmes e algumas séries, passei mais de vinte e cinco horas em intercidades e demorei uma eternidade a terminar esta publicação porque não me apetecia falar do quanto este ano foi atribulado. Terminou. Ainda bem. Podes vir, 2020.
Para recordar Dezembro:
Ornatos Violeta no Campo Pequeno
E ainda mais:
Harry Styles Performs a Crosswalk Concert, do The Late Late Show With James Corden
Acolhe tudo o que de bom aconteceu em 2019 e fez disso o teu escudo. 2020 vai ser melhor, vais ver que sim. Mereces ?
Oh, muito obrigada! Espero continuar a ter os teus comentários extra-queridos em 2020! ?